Os desenhos das cartas de tarô usam metáforas e referências culturais para representar todos os resultados possíveis. O que representam os vários animais mitológicos?
Ao folhear um baralho de Tarô, você verá que cada carta
apresenta um desenho detalhado. Esses desenhos utilizam metáforas e referências
culturais para, em teoria, representar todas as possibilidades da vida para o
leitor interpretar.
Embora as cartas de tarô apresentem muitos elementos de
design, entre os mais interessantes quando aparecem estão as criaturas
mitológicas. Dragão, esfinges e quimeras aparecem nos designs para ajudar o
leitor a interpretar os segredos do baralho. Mas quais são as referências culturais
por trás dessas criaturas mitológicas e como sua presença deve ser interpretada
no Tarô?
Origens do Design do Tarô
As cartas de tarô são baseadas nas cartas
de Malmuk (ou mamelucas, também chamadas às vezes desarracenas), que foram
trazidas para a Europa em 1300 por soldados islâmicos. Eles se tornaram
populares na Itália, onde eram usados para
jogar vários jogos,
incluindo Carte de Trionfe, que usava
os Arcanos Maiores como trunfos. Para o tarocchi
appropriate, as cartas eram dispostas aleatoriamente e os jogadores
inventavam histórias
sobre outros jogadores com base nas cartas distribuídas.
Não demorou muito para que os cartões fossem redesenhados
pelos italianos para incorporar imagens cristãs e europeias. Em particular, as
cartas dos Arcanos Maiores foram redesenhadas para refletir todos os aspectos
importantes da vida diária. Logo a invenção de histórias evoluiu para uma
espécie de espécie em que o destino de uma pessoa era lido nas cartas. O
primeiro tratado sobre Le Sorte foi
publicado em 1540 e, por volta de 1700, todos os Arcanos Maiores receberam
significados definidos.
O nome Tarô surgiu no final do século XVIII, quando os
ocultistas franceses se interessaram por ele. Eles também desenvolveram o mito
de que o Tarô veio de antigas práticas ocultas egípcias.
As cartas foram redesenhadas várias vezes ao longo dos
séculos, mas o design moderno mais popular, conhecido como baralho Rider-Waite
ou Waite-Smith, foi desenvolvido principalmente pelo ocultista inglês Arthur
Waite com a artista Pamela Colman e impresso pela primeira vez em 1901. É
importante ressaltar que antes dessa época, o Os Arcanos Menores pareciam mais
ou menos um baralho padrão, e apenas os Arcanos Maiores tinham designs
elaborados. Waite e Coleman deram a cada carta um design esotérico.
Embora existam muitos designs diferentes de baralhos de Tarô
disponíveis hoje, a maioria é baseada na simbologia desenvolvida para o baralho
Rider-Waite. Isso significa que as criaturas míticas de Rider-Waite geralmente
aparecem nos mesmos lugares de outros baralhos. A mitologia por trás dessas
criaturas ajuda a criar os significados das cartas que elas povoam.
1. A Quimera no Dois de Copas
O termo Quimera passou a ser usado para qualquer animal que seja composto de outros animais. Mas no mito grego original, a Quimera é um leão monstruoso que cospe fogo, com uma cabeça de cabra crescendo nas costas e uma cobra no lugar da cauda.
A Quimera era uma mulher e causou estragos no reino do Rei Ióbates
da Lícia. Ela era filha de Tifão, uma monstruosa serpente gigante, e de Equidna,
um monstro meio mulher meio cobra. Ela acabou sendo derrotada pelo herói
Belerofonte. O Rei da Lícia enviou o jovem herói para matar a Quimera na
esperança de que ela o matasse. Mas Belerofonte
triunfou com a ajuda de seu cavalo alado Pégaso.
A Quimera aparece no Dois de Copas, mas é um pouco diferente
da Quimera Grega. Tem cabeça de leão e cauda de cobra, mas falta a cabeça de
cabra. Em vez disso, tem asas.
Numa leitura de Tarô, o Dois de Copas representa aquele
fluxo de amor entre duas pessoas e sempre faz referência a conexões e parcerias
importantes. A Quimera flutua acima de um casal feliz fazendo um brinde e é um
lembrete de que a paixão, o caos e o inesperado fazem parte de um
relacionamento saudável.
2. O Dragão no Sete de Copas
Embora os dragões apareçam em muitas culturas, considerando as origens dos desenhos do Tarô, este provavelmente foi inspirado nos dragões bíblicos e na mitologia europeia. Na Bíblia, a palavra dragão é frequentemente usada no Antigo Testamento para se referir a monstros marinhos, não muito diferente do monstro marinho nórdico Jormungand, que às vezes também era chamado de dragão. No Novo Testamento, o termo dragão só aparece no livro do Apocalipse, onde encarna o adversário de Deus.
Na mitologia europeia, os dragões tendem a causar estragos
nas comunidades antes de serem destruídos por bravos cavaleiros. Eles também
são frequentemente associados ao acúmulo de tesouros. Como os europeus
medievais acreditavam que os governantes tinham a responsabilidade de serem
generosos com a sua riqueza, o dragão era associado ao vício da avareza.
O dragão aparece no Sete de Copas, que mostra um homem
diante de sete taças cheias de vários presentes. Algumas das taças trazem
presentes desejáveis, como joias e uma coroa de vitória, enquanto outras contêm
maldições, como serpentes e nosso dragão.
A presença do dragão é um lembrete para ter cuidado com o
que você deseja, porque nem tudo é o que parece. Mesmo algo que parece
desejável ou uma bênção pode ter uma dor desagradável. A carta lembra ao leitor
que embora seja necessário fazer escolhas, não devemos nos deixar enganar por
falsas promessas.
3. O Chacal na Roda da Fortuna
Os chacais são animais parecidos com cães, conhecidos no Antigo Egito por perambularem pelos cemitérios à noite. Portanto, na mitologia egípcia, eles passaram a ser associados a Anúbis, um dos mais importantes deuses dos mortos. Ele era um protetor de sepulturas, o deus do embalsamamento e, às vezes, senhor do submundo, até ser substituído por Osíris.
Mesmo assim, Anúbis ainda conduziu as almas para a vida após
a morte e participou da cerimônia que viu o coração do morto pesar contra a
pena da verdade. É por isso que Anúbis, como chacal ou homem com cabeça de
chacal, é um dos deuses egípcios antigos mais representados.
Um chacal humanoide aparece na carta da Roda da Fortuna, que
é um dos Arcanos Maiores, ao lado de algumas outras criaturas fantásticas. A
carta mostra uma roda gigante, sugerindo a natureza cíclica da vida e a mudança
da sorte. Anúbis fica à direita da roda.
A morte é um elemento essencial no ciclo da vida. Além de
representar a morte física e o retorno ao espírito, a morte também representa
finais no Tarô, e finais são sempre também começos.
4. A Esfinge na Roda da Fortuna e na Carruagem
A Esfinge também aparece na carta Roda da Fortuna, bem como na carta A Carruagem, que é outra carta dos Arcanos Maiores. A Esfinge é uma criatura mítica com cabeça de humano, corpo de leão e às vezes asas. A Esfinge mais conhecida é a grande estátua de Gizé, mas as Esfinges também aparecem na mitologia egípcia e grega.
Em ambos os casos, as Esfinges eram guardiãs. No Egito, eles
eram geralmente do sexo masculino (muitas vezes com a cabeça do faraó) e vistos
como fortes e benevolentes. Na Grécia, muitas vezes eram mulheres e desafiavam
os viajantes a responder enigmas para ganhar passagem. Se um viajante não
respondesse corretamente, eles eram comidos.
Na carta da Roda da Fortuna, a Esfinge aparece sentada no
topo da roda com uma espada na mão. Desta forma, a Esfinge representa tanto a
inteligência como a força necessárias para subir ao topo da roda.
Na carta Carruagem, duas Esfinges puxam a carruagem de um
guerreiro. Mas o guerreiro não governa, sugerindo que ele dirige as Esfinges
com o poder de sua personalidade, e não com a força. As Esfinges são
representadas em cores opostas, sugerindo que representam dualidade e opostos.
Eles também parecem estar puxando a carruagem em direções diferentes. Dessa
forma, representam as forças da vida que o cocheiro deve navegar para encontrar
sua direção.
5. Tifão na Roda da Fortuna
Tifão também aparece na carta Roda da Fortuna. Embora ele apareça apenas como uma cobra normal, sua presença ao lado da Esfinge e do Chacal sugere que esta deve ser a serpente monstruosa da mitologia grega.
Tifão é filho de Titãs e é considerado filho de Gaia,
a personificação da terra, e do Tártaro, a personificação do submundo. A certa
altura, Tifão tentou derrubar o próprio Zeus e assumir o controle do cosmos. Os
dois travaram uma batalha cataclísmica, que Zeus acabou de vencer com a ajuda
de seus raios divinos. Quando ele foi derrotado, Tifão foi jogado no submundo.
A batalha com Tifão está incluída na mitologia grega
principalmente para explicar como Zeus
conquistou sua posição como rei dos deuses. Tifão também é o progenitor de
muitos outros monstros da mitologia grega.
Na carta da Roda da Fortuna, Tifão aparece no lado esquerdo
da roda. Ele está descendo dos céus para o mundo material. Isso imita a descida
de Tifão dos céus. Desta forma, a presença de Tifão pode indicar que quando
descemos na roda da fortuna, muitas vezes é resultado de nossas próprias
decisões e ações.
6. O Tetramorfo na Roda da Fortuna
Os últimos animais mitológicos que aparecem no Tarô também aparecem na carta da Roda da Fortuna. São três animais, um boi, uma águia e um leão, que aparecem no canto de cada carta junto com um anjo. Os animais ganham asas, o que os torna fantásticos, e isso também indica que os quatro cantos devem ser lidos juntos como um Tetramorfo.
Um Tetramorfo é o arranjo simbólico de quatro elementos diferentes
em uma única unidade. É um símbolo comum no Cristianismo que representa os
quatro Evangelistas: Mateus (anjo), João (águia), Marcos (leão) e Lucas (boi).
Eles também representam os quatro signos fixos do Zodíaco: Aquário (anjo),
Escorpião (águia), Leão (leão) e Touro (boi). As figuras do Tetramorfo aparecem
nas mesmas posições na carta do Tarô Mundial, mas sem asas. Na carta do Tarô da
Roda da Fortuna, os Tetramorfos representam a estabilidade do universo enquanto
nossas vidas giram, muitas vezes de forma aparentemente caótica, em torno da
Roda da Fortuna.