Oxum, também conhecida como Oṣun, é um ser supremo ou Orixá do povo Iorubá – o maior grupo étnico do sudoeste da Nigéria. Na religião iorubá, ela também é chamada de deusa do rio e é comumente associada a águas frescas e doces, amor, pureza, prosperidade, fertilidade e beleza.
Ela é a mais proeminente e venerada de todos os Orixás, mas também possui alguns traços humanos, como perseverança, mas também vaidade.
O Que é a fé Iorubá?
A fé iorubá foi desenvolvida pelo povo do Benin e da Nigéria
e consiste em vários rituais, como dança, canto e cerimônias de cura. O povo
iorubá acredita que quando nascemos, nos é atribuído um Orixá, que significa o
dono da nossa cabeça, que nos acompanha por toda a vida e atua como nosso
protetor.
Em algumas partes dos Estados Unidos, Caribe e América
Latina, os sete Orixás são cultuados. Eles também são chamados de Os Sete
Poderes Africanos e incluem:
Acredita-se que temos os mesmos traços de personalidade do
nosso Orixá.
Mitos Sobre a Deusa Oxum
Em muitos mitos e histórias iorubás, Oxum é descrita como a
salvadora, protetora, mãe e nutridora das coisas doces e da humanidade, e a
guardiã do equilíbrio espiritual.
Oxum Como Criadora da Vida
Em um dos mitos, Oxum tem um papel fundamental na criação da
vida na Terra e na humanidade. Olodumarê, o deus supremo iorubá, enviou
dezessete orixás à Terra para tentar povoá-la. Eles eram todos divindades
masculinas, exceto Oxum e não conseguiram completar a tarefa. Eles precisavam
da divindade feminina para ajudá-los a reviver a Terra. Ela concordou em
ajudá-los e, ao entregar suas águas poderosas, doces e férteis, trouxe de volta
a vida ao nosso planeta, incluindo seres humanos e outras espécies. Portanto,
ela é considerada a deusa da fertilidade e da vida e, sem suas ações, a vida na
Terra não existiria.
Sacrifício e Determinação de Oxum
Ao contrário do deus criador supremo, os Orixás gostavam de
viver entre as pessoas da Terra. Certa vez, os Orixás decidiram deixar de
obedecer a Olodumarê porque achavam que poderiam governar o universo sem ele.
Como punição, Olodumarê reteve as chuvas, secando os lagos e rios. Sem as
águas, toda a vida na Terra estava morrendo. O povo implorou aos Orixás que os
salvassem. Os Orixás sabiam que eram eles que haviam enfurecido o deus supremo,
não os humanos, então tentaram convocá-lo e trazer a chuva de volta. Como Olodumarê
estava sentado no alto dos céus, ele não podia ouvi-los.
Oxum então se transformou em um pavão para tentar
alcançá-lo. A longa jornada a deixou exausta, e suas belas e coloridas penas
começaram a cair enquanto ela passava pelo sol. Mas a determinada Oxum
continuou voando. Uma vez que ela chegou à casa do deus supremo, ela caiu em
seus braços como um abutre.
Tocado por sua determinação e bravura, Olodumarê a nutriu e
curou. Em última análise, ele permitiu que ela trouxesse as chuvas de volta à
Terra, salvando a humanidade. Ele também a nomeou a mensageira e o único meio
de comunicação entre sua casa e o resto do mundo.
Sensualidade e Beleza de Oxum
Acredita-se que Oxum teve muitos maridos e amantes. Um de
seus casamentos que é o mais proeminente e o mais discutido é o de Xangô, a
divindade iorubá do céu e do trovão. Por sua sensualidade e beleza, ela também
era a Orixá preferida de Olodumarê.
Um Mito Contraditório
Em contraste com o mito anterior, onde a deusa é a criadora
que dá vida à Terra, outros mitos a retratam como aquela que tira a vida. As
lendas dizem que quando a deusa está com raiva, ela pode enviar chuvas maciças,
inundando a Terra. Em outros casos, ela retinha as águas, causando fortes secas
e destruindo plantações.
Significado da Deusa da Água Iorubá
De acordo com as tradições africanas, os humanos encontraram
Oxum pela primeira vez na cidade de Osogbo, na Nigéria. Acredita-se que esta
cidade, também conhecida como Oxobô, seja sagrada e protegida pela poderosa e
feroz deusa da água, Oxum.
A lenda diz que a deusa concedeu permissão ao povo de Osogbo
para construir a cidade no rio Oxum ou Osun. Ela também prometeu protegê-los e
sustentá-los se eles a respeitassem e a adorassem com devoção, orando, fazendo
oferendas e realizando diferentes rituais em sua homenagem. Foi assim que
surgiu o festival de Oxum. O povo iorubá ainda o celebra hoje. Todos os anos,
os seguidores de Oxum vai ao rio para prestar homenagem à deusa, oferecer
sacrifícios e rezar por melhor saúde, filhos e riqueza.
Ao longo das margens do mesmo rio, nos arredores de Osogbo,
há uma floresta sagrada dedicada a Oxum. Chama-se Bosque Sagrado de Osun-Osogbo
e foi estabelecido há quase cinco séculos. A floresta sagrada possui várias
obras de arte, bem como santuários e templos em homenagem à deusa da água. Em
2005, esta grande área cultural foi nomeada Património Mundial da UNESCO.
Nas culturas da África Ocidental, Oxum está associado ao
poder das mulheres e à feminilidade e é particularmente significativo para as
mulheres que desejam filhos. Aquelas que podem lutar com desafios de
fertilidade invocam a deusa e oram por sua ajuda. Mais comumente, durante os
tempos de extrema pobreza e secas severas, a deusa é procurada para conceder
chuvas e tornar a terra fértil.
Devido ao comércio global de escravos, a religião e cultura
iorubá se dispersou e impactou fortemente outras culturas fora da África.
Assim, Oxum tornou-se uma divindade importante no Brasil, onde é conhecida como
Oxum, assim como em Cuba, onde é chamada de Ochún.
A Representação e o Simbolismo de Oxum
Simbolismo:
Como
o Orixá das águas doces, como os rios, a deusa está associada à fertilidade,
prosperidade e cura. Acredita-se que ela seja uma protetora das águas, assim
como dos pobres e doentes, trazendo-lhes prosperidade e saúde. Como a Orixá ou
deusa do amor, ela representa a beleza, o casamento, a harmonia, o êxtase, o
romance e a gravidez.
Aparência:
Oxum é
frequentemente retratada como uma bela jovem que é brincalhona, charmosa e
coquete. Ela geralmente está vestida e coberta com roupas douradas e joias,
carregando um pote de mel preso à cintura. Às vezes, ela é retratada como uma
sereia, uma mulher com rabo de peixe, referenciando seu título de deusa da
água. Às vezes, ela também é retratada carregando o espelho e admirando sua
própria beleza.
Símbolos:
As
cores tradicionais de Oxum são ouro e âmbar; suas comidas favoritas incluem
mel, canela, girassóis e laranjas; e seus pássaros sagrados são pavões e
abutres.
Cada um desses elementos tem um significado simbólico
específico:
A cor dourada
Costuma-se dizer que a deusa gosta de tudo que é brilhante e
reluzente e, como complemento à sua beleza e charme, ela geralmente usa joias e
ornamentos de ouro, como contas de ouro, pulseiras, leques elaborados e
espelhos. Como um metal precioso, o ouro está associado à prosperidade,
riqueza, glamour e beleza. A cor dourada, assim como o amarelo e o âmbar,
simboliza compaixão, amor, coragem, paixão, sabedoria e magia.
O pote de mel
Não é por acaso que Oxum é frequentemente retratada usando
um pote de mel em volta da cintura. Em muitas culturas, o mel representa a
fertilidade e a gravidez, assim como o prazer sexual masculino. No lado mais
espiritual, o mel representa um augúrio auspicioso e um sinal de boa sorte e
alegria. Como iguaria e luxo, também está associado à riqueza, prosperidade e
abundância.
Como homenagem à deusa Oxum, muitas mulheres das culturas da
África Ocidental e Oriental tradicionalmente usam contas e correntes douradas
em volta da cintura, como símbolo de fertilidade, feminilidade, sensualidade e
felicidade.
Aves sagradas de Oxum
A deusa da água é frequentemente associada a abutres e
pavões. Isso se deve à história dos Orixás, que se rebelaram contra o deus
criador, Olodumarê. Nesse contexto, Oxum e seus pássaros sagrados são vistos
como símbolos de coragem, perseverança, cura, águas e vida.
Concluindo
Oxum é considerada uma divindade benevolente de acordo com a
fé iorubá, que governa as águas doces da Terra, bem como o amor, a prosperidade
e a fertilidade. Ela é uma protetora dos pobres e doentes, trazendo-lhes saúde,
alegria, dança e música. Suas histórias nos ensinam grande divindade, compaixão
e determinação.