Na versão da lenda escrita por João Simões Lopes Neto, o protagonista é um menino muito negro e pequeno, escravo de um estancieiro muito mau; este menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria.
Diz a lenda que um fazendeiro ordenou que um menino, seu escravo, fosse pastorear seus cavalos. Após um tempo, o menino voltou e o fazendeiro percebeu que faltava um cavalo: o baio.
Como castigo o fazendeiro chicoteou o menino até sangrar e mandou que ele fosse procurar o cavalo que faltava. O garoto conseguiu achar baio, porém não conseguiu capturá-lo, então, o fazendeiro o castigou mais ainda, prendendo-o em um formigueiro.
No dia seguinte, o fazendeiro se deparou com o menino sem nenhum ferimento, a virgem Maria do seu lado e o cavalo baio. Após o fazendeiro ter pedido perdão, o menino nada respondeu, montou em baio e saiu a galope.
Com a revelação da verdade, o fazendeiro se arrepende de
suas ações e passa a tratar Negrinho com mais respeito. Em algumas versões da
lenda, Negrinho é liberado da escravidão após a intervenção milagrosa de Nossa
Senhora. Em outras versões, ele permanece como o protetor dos cavalos e
continua a pastorear os rebanhos.
A lenda do Negrinho do Pastoreio é carregada de simbolismo e
é frequentemente interpretada como um conto de justiça divina, em que a
intervenção de Nossa Senhora traz à tona a verdade e repara injustiças. A
história também toca em questões de escravidão e exploração, oferecendo um
vislumbre do sofrimento dos escravizados no Brasil colonial.
É importante reconhecer que essa lenda carrega resquícios de
um passado histórico complexo e que a maneira como ela é contada e interpretada
pode variar dependendo da perspectiva cultural e social.